top of page

História da raça

 

A história do Cão de Fila da Terceira está profundamente ligada à ocupação humana ao longo dos séculos da Ilha e aos fluxos migratórios que em muito influenciaram o declínio e quase extinção da raça.

 

A Terceira é uma das nove ilhas dos Açores, integrante do chamado "Grupo Central". Primitivamente denominada como "Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo das Terceiras", sendo o centro administrativo das Ilhas Terceiras, como era designado o arquipélago dos Açores. A designação Terceiras aplicava-se a todo o arquipélago do Açores visto terem sido as terceiras ilhas descobertas no Atlântico (o arquipélago das Canárias era designado de Ilhas Primeiras e o arquipélago da Madeira por Ilhas Segundas, segundo a ordem cronológica de Descoberta). Com o avançar dos anos esta ilha passou a ser conhecida apenas por Ilha Terceira.

Ao longo de sua história, a Terceira desempenhou papel de grande importância no estabelecimento e manutenção do Império Português, devido à sua localização geoestratégica em pleno Atlântico Norte.

 

 

A ilha começou a ser povoada a partir da sua doação, por carta do Infante D. Henrique, datada de 21 de Março de 1450, ao flamengo Jácome de Bruges:

"Eu, o Infante D. Henrique (...) faço saber que Jácome de Bruges, natural da Flandres, me disse que (...) estando a ilha Terceira, nos Açores, erma e inabitada, me pedia que lhe desse autorização para a povoar, como senhor das ilhas. E eu, (...) querendo lhe fazer graça e mercê, me apraz conceder-lha. E tenho por bem que ele a povoe da gente que lhe aprouver, desde que seja de fé católica."

Bruges trouxe as suas gentes, muitas famílias portuguesas e algumas espécies de animais, tendo o seu desembarque ocorrido, segundo alguns estudiosos, no Porto Judeu, e, segundo outros, no chamado Pesqueiro dos Meninos, próximo à Ribeira Seca. Gaspar Frutuoso refere, a seu turno:

"(...) Afirmam os povoadores antigos da Ilha Terceira que fora primeiro descoberta pela banda do norte, onde chamam as Quatro Ribeiras, em que agora está a freguesia de Santa Beatriz, que foi a primeira igreja que houve na ilha, mas não curaram os moradores de viver ali por ser a terra muito fragosa e de ruim porto. (...)." (FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra (Livro VI). cap. I, p. 8-9)

A primeira povoação terá sido no lugar de Portalegre , erguendo-se um pequeno templo, o primeiro da ilha, sob a invocação de Santa Ana.

Tomadas as primeiras providências para a fixação das gentes, Brugues retornou ao reino a pedir mais pessoas para auxiliá-lo no povoamento. Nessa viagem, terá passado pela ilha da Madeira, de onde trouxe Diogo de Teive, a quem foi atribuído o cargo de seu lugar-tenente e Ouvidor-geral da ilha Terceira. Além destes titulares, vieram para a ilha alguns frades franciscanos para o culto religioso, visto que as ilhas pertenciam à Ordem de Cristo.

Poucos anos mais tarde, Jácome de Brugues fixou a sua residência no sítio da Praia, lançando os fundamentos da sua igreja matriz - a Igreja de Santa Cruz - em 1456, de onde passou a administrar a capitania da ilha até à data do seu desaparecimento (1474), em circunstâncias não esclarecidas, acredita-se que durante uma viagem entre a ilha e o continente.

Entre os primeiros povoadores cita-se ainda o nome de outro flamengo, Fernão Dulmo, que recebeu terras nas Quatro Ribeiras, entre o Biscoito Bravo e a ribeira da Agualva, lugar onde, segundo o historiador Francisco Ferreira Drummond"...ali desembarcou com trinta pessoas, cultivou a terra e deu princípio à igreja".

Em 1460, após a entrega da capitania da Terceira a Jácome de Bruges, o Infante D. Henrique doou a ilha e a Graciosa aoInfante D. Fernando, seu sobrinho e filho adotivo. Falecido este último (1470), assumiu a donataria, durante a menoridade do Infante D. Diogo, a Infanta D. Beatriz, sua mãe. Mediante o desaparecimento de Brugues, ela dividirá a ilha em duas capitanias, em 1474:

 

Para o povoamento contribuíram, além de portugueses e neerlandeses, madeirenses, escravos africanos, degredados, cristãos-novos e judeus. Ele foi acompanhado, em todo o arquipélago, pela sua exploração económica, que se traduziu em queimadas e arroteamento de baldios, na introdução de culturas como a do trigo (exportado durante o século XV para o reino e praças portuguesas em África) e a da cana-de-açúcar, na indústria do pastel (corante) e na exportação de madeiras para a construção naval. Isso explica por que, nos Açores, o século XVI foi marcado por um enorme desenvolvimento económico e social, que se prolongou até aos finais do século XIX, altura em que se introduziram outras espécies agrícolas, de grande rendimento, como o chá, o tabaco e o ananás.

 

A Dinastia Filipina

Desembarque das tropas espanholas na Terceira (Julho de 1583).

 

No contexto da Crise de sucessão de 1580, António de Portugal, Prior do Crato foi aclamado e coroado rei, sendo derrotado pelas forças espanholas sob o comando do duque de Alba na batalha de Alcântara (25 de Agosto de 1580).

Diante da instalação da Dinastia Filipina em Portugal, D. António passou a governar o país a partir da Terceira, nos Açores. Após a vitória na batalha da Salga (25 de Julho de 1581, na Terceira, e da derrota na Batalha Naval de Vila Franca (26 de Julho de 1582), nas águas da ilha de São Miguel, a resistência da Terceira persistiu até ao Verão de 1583. Nesse período, enquanto sede da monarquia portuguesa, a ilha chegou a ter, além da presença do soberano, órgãos como a Casa da Suplicação, as Mesas de Desembargo do Paço e Casa da Moeda.

Após subjugarem a resistência local, na sequência do desembarque da Baía das Mós (26 e 27 de Julho de 1583), os Castelhanos organizaram na Terceira um governo-geral.

Com a aclamação de João IV de Portugal (1640), as ilhas do arquipélago aderiram imediatamente à Restauração da Independência, o que, contudo, foi dificultado pela existência de uma grande resistência castelhana em Angra do Heroísmo, que perdurou até à rendição da Fortaleza de São João Baptista em Março de 1642.

 

O século XVIII

A falta de cereais conduz ao motim de Angra, que tem lugar nos dias 29 e 30 de abril de 1757, envolvendo cerca de 400 a 500 pessoas.

Em 1766, a divisão do arquipélago em capitanias foi alterada, passando a existir, a partir de então, uma capitania geral, com sede em Angra do Heroísmo: a Capitania Geral dos Açores.

 

A Guerra Civil Portuguesa (1828-1834)

A Revolução liberal do Porto teve repercussões sobretudo na Terceira. No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), travou-se em 1829, em virtude do golpe de estado absolutista que pôs D. Miguel no poder, uma violenta batalha entre miguelistas e liberais, da qual saíram vitoriosos estes últimos: a batalha da Praia da Vitória (11 de agosto).

Em 1830 formou-se na Terceira um Conselho de Regência e, em 1832, partiu de Belle-Isle, na Inglaterra, uma expedição militar sob o comando de D. Pedro (10 de fevereiro), rumo aos Açores, onde chegou a 22 de fevereiro (ilha de São Miguel) estabelecendo-se em Angra (3 de março). Aqui assumiu a Regência e nomeou o seu Ministério, presidido pelo marquês de Palmela, e do qual faziam parte Mouzinho da Silveira, sendo promulgadas muitas reformas importantes. Daqui retornou D. Pedro para São Miguel (25 de abril), na continuação da preparação da expedição que culminou no Desembarque do Mindelo (8 de julho).

Em virtude dessas reformas, ainda em 1832 a Capitania-Geral deu lugar à constituição da Província Açoriana com sede em Angra. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_Terceira#A_denomina.C3.A7.C3.A3o_e_povoamento_da_ilha

 

O Cão de Fila da Terceira foi desenvolvido e usado para o maneio de gado bovino e também na defesa da ilha contra ataques, principalmente de piratas. Considerendo os povos que colonizaram a ilha e os cães a que tinham acesso e o fenotipo dos cães antigos cujas fotos sobreviveram, não restam dúvidas nenhumas que foram usados cães do tipo Bull e Mastiff.

 

Seguramente os flamengos portaram os seus Mastiffs http://www.greatdogsite.com/breeds/details/Belgian_Mastiff/ nos actuais Mastins Belgas ainda podemos verificar algumas semelhanças com os Cães de Fila da Terceira como a cauda curta do tipo rabão ( bobtail em inglês) :

 

No entanto os cães deste tipo mastim rabão/ bobtail são raros e a única raça primitiva que conhecemos neste universo de povoadores da Ilha Terceira são efectivamente os mastins espanhois da Extremadura e seguramente os antigos Rafeiros Alentejanos das provincias que confinam com a fronteira espanhola certamente onde haveria também cães rabões. 

Sabe-se que o sotaque açoriano é muito semelhante à fala das gentes de Nisa havendo registos históricos do povoamento dos Açores precisamente por alentejanos de Nisa. 

Não sendo de descartar porém que a origem dos Mastins Belgas rabões venha do Mastim espanhol, pois naqueles tempos devido aos casamentos entre nobres era perfeitamente natural a migração de certos animais estimados pelos donos de um país para outro e as semelhanças são bastantes.

Quadro de Velasques com mastim espanhol rabão e de orelhas cortadas como é costume ainda hoje nos Açores e fotos de mastins espanhois actuais rabões mais informações sobre estes mastins :

http://elmastindecampoytrabajo.blogspot.pt/2012/03/mastines-antiguos.html

 

Com o desenvolvimento da criação de gado bovino nas ilhas houve necessidade de introduzir cães do tipo Bull que tem a aptidão natural de agarre dos bois, que foram indiscriminadamente cruzados com os cães já existentes nomeadamente estes mastins rabões que em Espanha ainda hoje são muito apreciados por terem normalmente forte caracter aversão a estranhos  e funcionalidade. Nestas raças tipo Bull que chegaram à ilha surgem seguramente raças como sejam o Dogue de Bourdéus que  fez parte do passado da raça, quer pelos cães red nose como o famoso Maroto e uma das últimas cadelas do Zootécnico  André Oliveira,Vichy que nos anos 90 tentou a recuperação da raça sem sucesso onde se detecta facilmente o sangue Bourdeús quer na pelagem, no aspecto geral e no nariz vermelho. Obviamente cruzamentos com Bulldogues ingleses de onde herdou a cauda torta seguramente só a partir do  Séc XVII uma vez que o antigo bulldog inglês não tinha esse tipo de cauda só a vindo a adquirir quando foram proibidas as lutas de cães e de cães com toiros na Inglaterra e o antigo Bulldog Inglês foi cruzado com o Pug de onde herdou esse tipo de cauda. Também dos bull herdou seguramente o apego aos donos caracteristicas que veio a passar aos seus descendentes os Fila Brasileiros conhecidos pela sua lealdade aos donos e aversão a estranhos.

 

Por esse motivo existiria um tipo mais antigo de Cão de Fila da Terceira que seria o resultado de cruzas de Mastins Espanhois rabões com cães tipo bull mas ainda sem cauda torta que teria dado origem ao tipo de cão que vemos nas famosas fotos da Exposição de Lisboa de 1937 onde se vê um cão muito semelhante ao Mastim Espanhol de pelo nem curto, nem demasiado comprido, cauda rabona a média e farfalhuda, mas com um peito largo e patas fortes e espalmadas como os cães tipo bull. 

 

Aliás não deixa de ser curioso ainda hoje a existencia duma linhagem de Cães de Fila de S. Miguel amarelos ou avermelhados conhecidos como cães da terra cuja cauda é precisamente do tipo rabão  que os micaelenses detestam amputando por isso a cauda rente ao anus dos cães à nascença de forma a esconderem esse " defeito" genético. 

E existiria obviamente um segundo tipo parecido com os actuais Bullys americanos e  bulldogues americanos de pelo liso e cauda torta que surgiu a partir do século XVII ou XVIII quando chegaram à Ilha da Terceira os Bulldogues Ingleses já de cauda torta/ saca rolhas ( screw tail)  seguramente levados pelos ingleses ou por portugueses que estiveram exilados na Inglaterra durante as guerras liberais e que para alí convergiram quando se formou o corpo espedicionário do exército liberal. Por tanto é licito afirmar que na ilha sempre existiram Filas da Terceira, mas que cães de rabo torto só a partir dos séculos XVII ou XVIII aliás como podemos ver pelas fotos acima de 1937 os exemplares tem a cauda perfeitamente normal ainda que mais curta que os mastins, precisamente um tipo de cauda a bater no curvilhão identica à dos Dogue de Bourdeus.

 

Este tipo bull mais recente e último a desenvolver-se na ilha deve ter predominado na orla costeira e cidades e por isso foi

não só mais conhecido do público e também certamente o que se destacava pelo curioso do rabo torto, como também o primeiro a desaparecer da ilha quando se deram os grandes fluxos migratórios depois da ida de D. João VI e da corte para o Brasil porque era o que estava mais à mão, razão pela qual se preservou no interior da ilha o tipo antigo amastinado que ainda apareceu nas exposições em Lisboa em 1937 e  1942. 

 

Aqui levanta-se outra questão aliás aflorada pelo Zootécnico André Oliveira(Click) no seu trabalho sobre a raça publicado no extinto site Mollossoworld e fácilmente confirmada pelas fotos existentes conhecidas onde não há dois exemplares iguais, que a raça não representava um fenotipo mas uma função ou seja o que actualmente se designa por ( function breed) ou seja todo cão grande tipo mastim / bull que servisse para agarrar vacas era um Fila da Terceira, alguns ( depois do aparecimento do bulldog inglês de cauda torta) que nasciam de rabo torto chamavam-lhes rabos tortos e deviam ter alguma preferencia dos criadores a partir de certa altura escolher esses cães nas ninhadas pois era uma garantia da existencia de sangue bulldog ou seja de funcionalidade garantida na lide do gado bovino também porque a mordida e fecho de boca de cães ligeiramente prognatas evita o corte dos animais e permite uma presa de agarre mais forte.

 

Conhecendo a geografia da ilha e imaginando o passado onde a ausência de estradas e a pouca qualidade das mesmas é fácil também concluir que as dificuldades de mobilidade num espaço geografico que apesar de pequeno é dominada por quatro grandes estratovulcões e por numerosos cones vulcânicos monogenéticos implantados em importantes fracturas. De W para E , truncados por imponentes caldeiras: A Serra de Santa Bárbara; o Maciço da Serra do Morião e maciço da Caldeira Guilherme Moniz; o Maciço do Pico Alto e o Complexo desmantelado da Serra do Cume, a Serra da Ribeirinha e a Caldeira dos Cinco Picos. 

 

Esta geografia do terreno era propicia ao isolamento de determinados fenotipos dentro da raça, ou seja as pessoas de uma aldeia que tinham cães deste tipo deveriam cruzar os cães entre a vizinhança e dificilmente com cães de locais mais distantes dentro da ilha embora tal não fosse impossível. 

 

O declinio da raça inicia-se com a forte emigração de Açoreanos para oBrasil e principalmente de famílias da Ilha Terceira para o  Sul do Brasil principalmente para o Estado de Santa Catarina onde mercê da necessidade de cães de trabalho para o gado bovino vem a colaborar por um lado na formação da raça do Cão de Fila Brasileiro com o tipo amastinado cruzado com o bloodhound e por outro lado preservou-se até aos anos 70 no Sul do Brasil um fenotipo de cão ( o burdoga)

muito semelhante ao nosso antigo Fila da Terceira de tipo bulldog ( imagens acima) com cauda torta que deu origem a duas raças brasileiras o Bulldog Campeiro e o Bulldogue Serrano, (que nada mais são que os descendentes directos da linhagem de rabo torto dos Filas da Terceira ) que  esteve perto da extinção na década de 1970. O criador Ralph Schein Bender, que diz ter salvo a raça reunindo os poucos exemplares que restavam pelo interior do Rio Grande do Sul e fazendo  cruzamentos com Bulldog Inglês.  A vontade de ter um bulldog campeiro ainda na adolescência fez com que Bender percebesse o quanto era

complicado adquirir um, antigamente estes cães animal era usados para a contenção do gado, o que foi proibido pela Vigilância Sanitária no Brasil. Após a decisão, os cães da raça ficaram escassos por perda de utilidade

 

“Ele fazia a contenção do gado. Se um boi bravo escapava, ele ia lá e abocanhava pelo nariz. Mas aí a Saúde Pública proibiu e ele foi perdendo espaço paras outras raças. Era um cachorro que não tinha registro, ninguém podia criá-lo de forma organizada”

 

Em 1977, Ralph comprou sua primeira fêmea e percorreu o Rio Grande do Sul em busca de mais burdogas para criar. “Comecei a regatar os que ainda existiam, cruzar entre si e com bulldog Inglês e desenvolver a raça”

Sobre o Fila Brasileiro diz o Dr João Batista Gomes

Este autor busca a origem do Fila Brasileiro no seu homónimo, O Fila da Ilha Terceira. No primeiro livro publicado sobre o Fila Brasileiro, João Batista Gomes analisa as origens deste cão num capítulo com o título “ Por que se chama Fila Brasileiro – Origens “, onde pretende  localizar a origem do nome “cão de fila” no seu homónimo português – Fila Terceirense, originário da Ilha da terceira, uma das nove ilhas do Arquipélago dos Açores. Inicialmente, o Autor não vê como ligar o Fila Brasileiro a raças de cães hoje existentes em Portugal.

 

Volta-se, assim, para o fila de “rabo torto” ou “rabo-quebrado” , como também é conhecido o Fila Terceirense. Refere que houve o “embarque quase maciço de toda a população canina do cão de Fila Terceirense, peculiar à Ilha Terceira. Por essa razão e devido a um conjunto de outras circunstâncias, essa raça encontra-se hoje de tal forma degenerada que acabará por se extinguir…” . 

A Ilha Terceira, por força da criação de gado, especialmente gado bravo da ilha, propiciou aos habitantes “…criar uma raça de cães que, além de grande robustez, presa firme, regular acuidade olfactiva, fossem capazes de atacar e dominar as reses bravas”. Discute então a origem do Fila da Terceira que é obscura : “…depois cruzamentos empíricos entre cães sem raça, entre o bloodhound e cães do tipo Buldogue”. Descreve um tipo destes Filas ainda existente em 1960: “corpo rectangular, altura máxima 60cm; articulações muito reforçadas; pescoço curto com pêlo pendente; cabeça volumosa quase quadrada, mas menos do que a do Bulldog Inglês; boca bem rasgada, guarnecida de fortes dentes, em especial as presas e molares; lábio superior pendente; abóbada palatina de cor negra, focinho preto sem ser arrepanhado e sem apresentar o sulco fronto-nasal tão acentuado como no Bulldog Inglês; orelhas caídas, às vezes torcidas; olhos profundos; pelagem raras vezes de cor farrusca, geralmente amarelada, algumas vezes malhada de branco ou listrada. Devido a uma irregularidade na disposição das primeiras vértebras occígenas, o legítimo Fila Terceirense apresenta sempre, como o Bulldog Inglês, a cauda com tendência para a irregularidade na sua direcção, o que levou o povo terceirense a chamá-los “rabos tortos”, designação esta pela qual, ainda hoje, são lá conhecidos esses cães. “

Em seguida, o Dr Batista Gomes demonstra a ligação entre o Fila Terceirense e o Fila Brasileiro: “  “ Com as emigrações dos ilhéus, o Fila Terceirense foi para cá ( Brasil ) embarcado maciçamente a ponto de quase ter desaparecido a raça do seu lugar de origem e o que resta hoje dos seus descendentes nada mais diz do que ele foi outrora. “

Com a vinda de D. João VI , vem para o Brasil, segundo o Dr Batista Gomes, o Mastim Inglês, trazido pela classe média, dizendo que, por essa época, a população de Mastins chegou a ser bastante numerosa no Brasil. “ Nessa época não havia ninguém interessado na preservação de qualquer raça canina… Os cruzamentos aconteciam ao léu, ditados unicamente pelas leis da natureza. É fácil admitir que a mestiçagem do Fila Terceirense x Mastim foi consequência lógica e inevitável do encontro das duas raças aqui existentes. Queiramos ou não admitir essa hipótese, depois de decorridos quase dois séculos, parece-nos a única maneira justificável para se explicar a aparecimento do nosso Cão de Fila Brasileiro. Não temos outro caminho”.   Apesar de ter razão o Dr João Batista Gomes não vislumbrou que na realidade haviam 2 fenótipos base de  Fila da Terceira o antigo amastinado de cauda direita que foi levado no início da colonização do Brasil  e que deu orige ao Fila Brasileiro e depois o mais recente com infusão de Bulldog Inglês que deu origem ao rabo torto e ao Bulldog Campeiro e Serrano e essa falta de vislumbre nota-se nas suas palavras onde ele se sente confuso nas suas certezas.

Fila da Terceira amastinado

Fila Brasileiro

Fila de Terceira Rabo Torto

Bulldog Campeiro

O quase total desaparecimento da raça na Ilha Terceira especialmente o fenotipo de rabo torto deve-se pois a estas circunstancias de migração dos homens e dos seus animais.

bottom of page